Desvaneceu-se a Taxa Social Única
(TSU) e veio mais IRS e nova sobretaxa, que é superior à criada em 2011 no
corte de meio subsídio de Natal, uma medida de austeridade que irá gerar mais
receita do que os 500 milhões relacionados com a subida de 7 pontos percentuais
na TSU, para a generalidade
dos trabalhadores, acompanhados de uma redução das contribuições dos privados,
que passariam de 23,75% para um contributo idêntico ao dos trabalhadores, 18%.
Ou seja, o Estado encaixaria a diferença de 1,25%, nos privados, mais o
acréscimo de quotizações dos funcionários públicos. O Governo não adianta datas
mas, assegura, que este aumento no IRS não será para sempre, isto é, será
diminuído ao ritmo a que conseguirem efetivamente reduzir o défice público, que
tanto nos devia preocupar.
O agravamento nos impostos será feito através de uma redução dos
escalões de IRS, de 8 para 5, e da cobrança de uma nova sobretaxa. Parte desta
medida consiste na aplicação de uma sobretaxa de 4% no IRS. As famílias de
menores rendimentos poderão ser poupadas já que o novo regime de IRS irá manter
os limites atuais de forma a proteger mais de 2,6 milhões de famílias. Já os
contribuintes no último escalão poderão perder o equivalente a 2 subsídios,
irão ter uma taxa que ficará acima dos 50% praticados no Reino Unido e os 45%
praticados na França. Contudo, só se irá conhecer o real impacto de tal medida
na apresentação do Orçamento de Estado para 2013. Estas confusões nos escalões
de IRS e a aplicação da sobretaxa vão representar um agravamento da taxa média
de imposto de 9,8%, para 13,2%, ou seja, deverá abranger não só os rendimentos
do trabalho de trabalhadores dependentes, independentes e pensionistas, mas
também os rendimentos de casas arrendadas e mais-valias bolsistas.
De acordo com as simulações da consultora Ernst & Young para
o Diário Económico, um casal que receba 2000€ brutos pagará uma sobretaxa de
248,48€ no próximo ano, quando em 2011 pagou 217,42€. Isto porque a sobretaxa
na altura foi de 3,5% e a do próximo ano será de 4%. Para os funcionários
públicos com o mesmo rendimento, o valor a pagar será de 168,48€, contra os
147,42€ que pagaram em 2011, contudo, a Função Pública será penalizada pelo
facto de se manter o corte de um dos subsídios, ou seja, um agregado familiar
que possa auferir cerca de 20 mil euros durante um ano, no final do ano, em vez
de pagar cerca de 620€, terá de pagar cerca de 10 a 15€ mais em termos de
taxa normal, acrescido ainda da sobretaxa. Já sobre a redução do número de
escalões não se sabe muito, apenas que o ultimo escalão continuará a existir,
manterá a taxa de 46,5%, que acresce uma taxa adicional de solidariedade.
Estas alterações na taxa de IRS,
para além do indispensável encaixe orçamental que proporcionam, têm como
objetivo acabar com as desigualdades existentes no nosso país, que se tornará
assim mais justo e irá garantir uma distribuição mais igualitária do
rendimento. Esta medida irá levar a um esforço pronunciadamente maior nos
níveis mais elevados de rendimento, mas também, os mais pobres terão que se
sacrificar, trabalhar mais e receber menos. Mas tudo sacrifícios que esperemos
que resultem, que mostrem frutos, que nos proporcionem uma luz ao fundo do
túnel. Precisamos acreditar nas pessoas que nos ‘guiam’.
Jorge Meirim
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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