quinta-feira, 25 de outubro de 2012

A sustentabilidade de Portugal

Portugal atravessa, como todos sabemos, uma das maiores crises financeiras de sempre da nossa história, grande parte dela originada pelas más políticas de vários governos, que resultaram num endividamento externo exorbitante. Portugal habitou-se, desde muito cedo, a viver acima das suas possibilidades, gastando mais do que produz, originando uma dívida cada vez maior. Chegou a um ponto em que Portugal não tinha como auto sustentar-se, chegando a uma situação em que o país não tinha disponibilidades financeiras para cumprir com os compromissos internos básicos a curto prazo, como pagar ordenados aos funcionários públicos, reformas aos reformados, e para manter alguns serviços básicos sociais, como transportes públicos, por exemplo.
 Como consequência deste estado de falência a que Portugal chegou, em que não conseguia auto manter-se e atingindo níveis astronómicos de dívida pública, o governo viu-se obrigado a pedir um resgate externo para conseguir cumprir com os seus compromissos. Estes nossos credores, denominados por TROIKA, obrigaram Portugal a fazer ajustamentos económicos e financeiros para que pudessemos sair desta crise o mais rápido possível. Como tal, o governo tem vindo a anunciar certas medidas de austeridade, contidas no Orçamento de Estado de 2013, que caracterizará os tempos difíceis que se aproximam. Estas medidas foram criticadas praticamente por Portugal inteiro, pelo simples motivo que estas medidas (reduções de salários, de pensões, agravamento da carga fiscal, etc.) em nada ajudam Portugal a sair da situação em que se encontra. Pelo contrário, afundam ainda mais o país, o que provocou uma grande agitação social, traduzindo-se numa das maiores manifestações sociais que Portugal assistiu desde o 25 de Abril de 1974.
Pior do que ter uma grande divida externa é não ter como pagá-la. E o problema de Portugal é mesmo esse. Não produzimos suficientemente para nos conseguirmos sustentar e para podermos fazer crescer o nosso país. Como resultado, estaremos sempre dependentes de apoios externos, o que se traduzirá em austeridade constante e sem fim à vista. O nosso principal problema é exatamente o nosso modelo se sustentabilidade que não existe. Portugal não tem como sustentar-se a médio e longo prazo porque não produz, não exporta suficientemente, não temos indústria suficiente, os nossos produtos não são competitivos, não criamos riqueza suficiente, e o problema é mesmo esse.
Mais do que tudo, Portugal precisa de repensar a sua estratégia de impulsionamento económico, de arranjar maneira de pôr a economia a funcionar para criar riqueza. Só assim poderá ser novamente competitivo para proporcionar boas condições de vida em Portugal.

Nuno Maria Canelhas 

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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