Portugal
atravessa, como todos sabemos, uma das maiores crises financeiras de sempre da
nossa história, grande parte dela originada pelas más políticas de vários
governos, que resultaram num endividamento externo exorbitante. Portugal
habitou-se, desde muito cedo, a viver acima das suas possibilidades, gastando
mais do que produz, originando uma dívida cada vez maior. Chegou a um ponto em que Portugal não
tinha como auto sustentar-se, chegando a uma situação em que o país não tinha
disponibilidades financeiras para cumprir com os compromissos internos básicos
a curto prazo, como pagar ordenados aos funcionários públicos, reformas aos
reformados, e para manter alguns serviços básicos sociais, como transportes
públicos, por exemplo.
Como consequência deste estado de falência a
que Portugal chegou, em que não conseguia auto manter-se e atingindo níveis
astronómicos de dívida pública, o governo viu-se obrigado a pedir um resgate
externo para conseguir cumprir com os seus compromissos. Estes nossos credores,
denominados por TROIKA, obrigaram Portugal a fazer ajustamentos económicos e
financeiros para que pudessemos sair desta crise o mais rápido possível. Como
tal, o governo tem vindo a anunciar certas medidas de austeridade, contidas no
Orçamento de Estado de 2013, que caracterizará os tempos difíceis que se
aproximam. Estas medidas foram criticadas praticamente por Portugal inteiro,
pelo simples motivo que estas medidas (reduções de salários, de pensões,
agravamento da carga fiscal, etc.) em nada ajudam Portugal a sair da situação
em que se encontra. Pelo contrário, afundam ainda mais o país, o que provocou
uma grande agitação social, traduzindo-se numa das maiores manifestações
sociais que Portugal assistiu desde o 25 de Abril de 1974.
Pior do que ter
uma grande divida externa é não ter como pagá-la. E o problema de Portugal é
mesmo esse. Não produzimos suficientemente para nos conseguirmos sustentar e
para podermos fazer crescer o nosso país. Como resultado, estaremos sempre
dependentes de apoios externos, o que se traduzirá em austeridade constante e
sem fim à vista. O nosso principal problema é exatamente o nosso modelo se
sustentabilidade que não existe. Portugal não tem como sustentar-se a médio e
longo prazo porque não produz, não exporta suficientemente, não temos indústria
suficiente, os nossos produtos não são competitivos, não criamos riqueza
suficiente, e o problema é mesmo esse.
Mais do que
tudo, Portugal precisa de repensar a sua estratégia de impulsionamento
económico, de arranjar maneira de pôr a economia a funcionar para criar
riqueza. Só assim poderá ser novamente competitivo para proporcionar boas
condições de vida em Portugal.
Nuno Maria Canelhas
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