O FMI decobriu
que a austeridade tem um efeito pior do que previsto nas economias europeias. Constatou
que o que tinha preconizado nem sempre estava adequado às situações, e isso
devido a uma subestimação dos multiplicadores fiscais.
Segundo Keynes,
a austeridade orçamental (redução das despesas públicas)
ou fiscal (aumento dos impostos) é negativa para o crescimento. E as medidas
contrárias (redução dos impostos ou aumento das
despesas) favorecem-no.
A relação entre a intervenção
orçamental e fiscal do Estado e o crescimento é chamado o “multiplicador”.
Até hoje, o FMI
considerava que para as economias avançadas, este multiplicador era de 0,5, mas
estima agora que esta avaliação estava errada e que este estaria situado entre
0,9 e 1,7. Portanto, se um Estado aumenta os
seus impostos ou reduz suas despesas no equivalente a 1% do PIB, o impacto no
crescimento situar-se-á entre 0,9 e
1,7 pontos, dependendo da conjuntura.
Se este estudo
do FMI estiver correcto, o facto de se realizar
uma política de austeridade em período de crise é completamente absurdo. Reduzir o
défice orçamental na base de um multiplicador de 0,5 pode
ser uma opção eficaz, mas se na realidade este multiplicador for de 1,7 uma política de austeridade só pode ser ineficaz. Por exemplo, com um
multiplicador de 0,5, um aumento de 10€ nos impostos (ou de redução nas despesas)
equivale a uma perda de 5€ para o crescimento. Portanto, com um multiplicador
de 1,7 esta perda seria superior aos ganhos feitos com esse aumento e a redução
do défice seria nula. Isto provocaria recessão, e teria consequências dramáticas em termos de desemprego. Isto verifica-se
neste momento na Espanha. Apesar dos esforços orçamentais feitos, o défice público continua por volta dos 8% e a taxa de
desemprego já atingiu os 25%.
Laure-Sophie Freitas
Sem comentários:
Enviar um comentário