domingo, 14 de outubro de 2012

Muito se fez, pouco se tem

Portugal encontra-se atualmente numa crise economia profunda, em que muitos enganam o país afirmando que se deve tudo apenas á crise internacional, mas os dados não assim o mostram.
A divida pública, por exemplo, que muito se pretende baixar e pela qual pagamos juros absurdos, já mostra precedente mesmo antes da recente crise, tendo mais interesse no ano 2000 aquando a entrada de Portugal na Zona Euro. Em 1999, Portugal detinha uma dívida pública situada nos 51,4%, um valor extremamente bom e aceitável e no mesmo nível de países como a Alemanha, mas em 2000 tudo mudou. O acesso ao crédito veio fazer com que Portugal gastasse mais e em matérias totalmente desnecessárias, como as auto-estradas, que dizia-se seres fundamentais para ligar o país e neste momento nem dinheiro temos para a manutenção delas.
                Porventura, Portugal chegou a romper o pacto com Bruxelas aquando do acesso ao Euro em 2004, quando a dívida pública ultrapassou os 60%, mas pouco se fez para mudar estes valores já que esta apresentou constantemente valores superiores, até que em 2008 chegou aos 71,6% do PIB. Pois se em 2008 se deu a crise internacional e Portugal já se encontrava com uma dívida de quase 72%, pergunta-se o que se andou a fazer esses anos todos. Pois claro que a crise veio agravar aquilo que já estava mal e a dívida disparou.
                Portugal neste momento deve 120% em relação ao PIB, mas aquilo em que gastámos não pode pagar o que devemos: as grandes construções que Portugal tem feito neste momento de pouco servem e se houvesse um pouco de raciocínio e se se tivesse apostado na produção daquilo em que nós somos bons neste momento estaríamos a produzir para pagar. Portanto, Portugal encontrava-se na altura mal gerido pelos nossos governantes mas o problema essencial foi que nem sequer isso mudou, já que neste momento continuamos a ser mal governado.
Atualmente, o governo só pensa no aumento dos impostos para “aumentar a receita”, mas já presenciámos que isso não deu e não dará resultados já que, mesmo com o corte na despesa e os constantes aumentos dos impostos, Portugal continua a aumentar a dívida que nos conduzirá nos próximos anos a uma renegociação da nossa dívida, com o pedido de perdão. Portugal irá chegar ao momento em que o montante que terá de pagar de juros será superior ao valor suportado, levando ao pensamento que andamos estes últimos anos a suportar cortes e sacrifícios de que nada serviram.

João Pedro Oliveira da Cunha

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

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