Para muitos, a ideia pode soar a provocação - e é possível que tenha sido pensada para o ser -, mas esta é uma provocação que vale a pena valorizar. Em Portugal temos de responder a uma pergunta simples: vale a pena continuarmos no euro? A resposta não é assim tão simples.
Para o Presidente da República é “totalmente improvável” que Portugal ou até mesmo a Grécia saiam da Zona Euro, considerando que seria um “desastre” para a Europa ver ruir o “edifício que é a Zona Monetária Europeia”. Na opinião deste, seria um desastre para a Europa, não era para a Grécia, para Portugal, para a Irlanda ou para a Espanha - “seria um desastre para a Europa se por acaso este edifício que é a União Monetária Europeia viesse a ruir”-, sublinhou Cavaco Silva. “Não se deve ir por esse caminho”, porque, na sua opinião, se trata de “um caminho totalmente improvável”, o Presidente da República disse acreditar na “sabedoria” dos líderes europeus que não permitem que tal aconteça.
Pelo contrário toda a gente também se apercebe que o Euro está ameaçado. Estamos a chegar a uma situação em que a Zona Euro só tem duas escolhas. Os líderes têm de encontrar uma solução credível envolvendo uma maior integração fiscal e uma maior competitividade e crescimento em todos os países. Têm de reavaliar a qualidade dos membros da Zona Euro, os critérios de entrada e de permanência.
Aquando da nossa entrada no euro fomos bombardeados com promessas que a nossa economia iria convergir rapidamente com a dos restantes países da EU e as taxas de juro iriam ser baixas. No entanto, com o passar dos anos vimos tantas medidas mal executadas ou mesmo mal formuladas que chegamos a um ponto muito critico que nos conduziram a taxas de juro elevadíssimas acompanhadas pelo aumento da taxa do desemprego e uma contração do PIB.
Caso Portugal abandonasse o Euro e reintroduzisse o escudo iria permitir a liberdade de movimentação de capitais e bens que se iria traduzir num impacto económico menos negativo do que o que estamos a enfrentar com a manutenção da moeda única. No entanto para que esta mudança não seja tão brutal e não nos leve à bancarrota, Portugal precisa de garantias no valor de 420 mil milhões de Euros. Conforme o mesmo estudo cujos dados se invocam, seja qual for o caminho adotado, antevê que nos próximos 10 anos, o nosso rendimento disponível vai diminuir em mais de 25% mas que, se sairmos da Zona Euro, a recuperação prevê-se mais rápida e mais resistente às más decisões políticas.
No entanto para abandonar a zona euro, o ajustamento seria tão violento que o governo não tem capacidade nem vontade de o fazer. O Estado tem que emagrecer em 12.5 mil milhões de Euros que é equivalente a cobrar o "imposto extraordinário" sobre o subsídio de Natal todos os meses do ano. Os particulares também têm que reduzir o consumo no mesmo montante.
Os especialistas dizem que "sair da Zona Euro trará um grande prejuízo a Portugal”. O principal argumento para nos “obrigar” a ficar na Zona Euro é o facto de as dívidas ficarem denominadas em euros, pelo que aumentam (a economia portuguesa seria forçada a um ajustamento brutal nos preços e nos câmbios que conduziria a uma desvalorização nacional de 57% face aos níveis de preços atuais ou de 75% face aos níveis pré-crise, e sempre em relação aos patamares da Alemanha, a economia de referência por ser a mais competitiva da zona euro).
Rui Leite
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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