Olhar para o mundo do futebol é despertar para um universo envolto de paixões, mas também de uma economia onde rebolam milhões de euros.
Este é um mundo onde grande parte dos protagonistas ostenta uma fortuna longe do alcance do comum dos mortais, facto que pode ser encarado como antagónico tendo em conta o endividamento cada vez maior do futebol.
De um modo geral o futebol parece passar ao lado da recessão económica, apresentando mesmo aumentos nas receitas geradas. No entanto, grande parte dos clubes têm enormes desafios no que concerne ao controlo de custos.
A nível nacional, o futebol profissional apresentou um volume de negócios superior a 300 milhões de euros na época 2009/10, sendo considerado uma indústria de elevado valor acrescentado, com grande capacidade de internacionalização, e com uma evidente aptidão em valorizar os seus jogadores
Segundo alguns estudos, as receitas do mercado europeu de futebol continuam a prosperar, tendo sido contabilizadas na época de 2010/11 cerca de 16.9 mil milhões de euros em receitas. Observando as principais ligas de futebol (Bundesliga, La Liga, Ligue 1, Premier League e Serie A), chegamos à conclusão que as receitas destas representam metade do mercado europeu.
A taxa de crescimento das receitas na época em análise foi mais baixa que a média apresentada durante a década passada, porém estamos perante uma proeza, tendo em linha de conta a conjuntura económica mundial. Para esta performance temos que referir a excecional aptidão do futebol em mobilizar grandes audiências, pese embora em ligas como a francesa, a italiana, e a espanhola exista um esforço adicional em tornar mais atrativa para o espectador a ida ao estádio. Todavia, o mundo do futebol apresenta sérios desafios financeiros, dado que uma parte do incremento das receitas se deve à venda de direitos televisivos para o estrangeiro. Contudo, um estudo da Deloitte prevê que as quantias referentes aos direitos televisivos tenham um “crescimento limitado” durante os próximos anos.
Se por uma lado as receitas geradas aumentaram o mesmo aconteceu com o valor despendido em salários das cinco principais ligas europeias, contabilizando mais de 5,6 mil milhões de euros em 2010/2011, facto que revela o enorme peso dos ordenados na estrutura financeira dos clubes europeus.
Os clubes de futebol ostentam desmedidos níveis de alavancagem financeira. O prenúncio real de corte de crédito pelos bancos obriga a um reposicionamento do negócio do futebol, nomeadamente nas opções de financiamento. As próximas “épocas” serão de reflexão, dados os atuais desafios do universo do futebol, pois “quando as regras do jogo mudam, não se pode jogar o mesmo jogo...“.
Ana Isabel Ribeiro Cerqueira
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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