No
passado dia 3 de Outubro, o Ministro das Finanças, Vítor Gaspar, veio a público
anunciar mais um “pacote” de medidas de austeridade. No decorrer do anúncio,
Vítor Gaspar disse que apesar de Portugal estar no bom caminho para a
recuperação económica necessita, ainda assim, de antecipar as medidas previstas
para 2013 com o objectivo de cumprir os limites do défice (revistos no início
de Setembro de 2012) acordados para o ano de 2012 com a Comissão Europeia (CE),
o Banco Central Europeu (BCE) e Fundo Monetário Internacional (FMI), isto é, a
Troika que todos nós conhecemos.
Desde
que a Troika e o Governo acordaram um plano de resgate estrutural, os
sacrifícios foram sempre impostos aos cidadãos portugueses em primeira
instância.
Os
portugueses têm sido confrontados com a obrigação de ajustar os seus níveis de
consumo e, como é claro neste ponto, as medidas de austeridade estão a diminuir
em grande escala o nosso poder de compra tornando, assim, óbvio o abrandamento
das importações. Impõe-se, por sua vez, a manutenção ou até mesmo o aumento do
nível das exportações para que as indústrias consigam resistir à crise. O
tecido empresarial português sente-se, mais do que nunca, obrigado a aumentar a
concorrência, assim como a inovar os seus processos produtivos. Pode verificar-se,
portanto, que as medidas beneficiaram o mercado português, isto é, aumentou-se
a concorrência e a melhoria dos processos produtivos, o que por sua vez leva a
uma diminuição dos custos e preços de venda ao público.
Sendo
assim, porque continua o povo português em condições tão precárias se as
medidas beneficiam o país?
As
medidas até poderiam beneficiar o país se a carga fiscal não incidisse no preço
de venda dos produtos, assim como nos rendimentos dos trabalhadores (que
perderam direitos adquiridos ao longo dos anos com muito sacrifício, o que acho
inaceitável). Isto porque se as empresas diminuem os custos e aumentam os
impostos sobre os produtos, os preços não poderão diminuir; com sorte, os
preços irão manter-se.
Dentro
do previsto, Portugal está a cumprir com as metas traçadas... Até o próprio
governo acredita num potencial regresso de Portugal aos mercados de emissão de
dívida em Junho de 2014, momento em que a Troika abandona o país. Não se
consegue compreender o porquê de mais medidas de austeridade se tudo corre de
feição.
Não
falando dos compadrios que sempre irão existir, exige-se que o governo reduza
os seus gastos e que não aumente as receitas à custa dos trabalhadores que
trabalham diariamente e que não conseguem usufruir da totalidade do seu
salário.
A Segurança
Social é algo que também começa a dar que pensar às famílias portuguesas.
Actualmente, o número de desempregados está a atravessar um crescimento
exponencial, passando dos 8% em 2007 (ano em que a crise financeira começou)
para os 16% previstos em 2012, isto representa um aumento de 100% do desemprego
em Portugal nos últimos 5 anos. Desta forma, conjugando os valores dos
subsídios atribuídos aos desempregados, aos funcionários públicos (que
representam 21% dos gastos totais do estado) e dos aposentados, como será
possível aguentarmos?
Como
será possível um país resistir com tantas famílias a depender do Governo?
Pois
bem, acho que chegamos ao ponto de viragem. Portugal está completamente do
avesso e ninguém tem coragem de tomar uma medida. Os Deputados da Assembleia da
República, que deveriam defender os interesses dos cidadãos nacionais,
preocupam-se apenas com o seu bem-estar indo jogar golf com tudo pago pelo
Governo. O Presidente da República refugia-se no seu poder para não destituir
um Governo que já não consegue fazer mais nada. Quanto ao Primeiro-Ministro não
tem pulso nas suas decisões e passa o tempo em avanços e recuos relativamente
às medidas a aplicar.
Assim
sendo, posso concluir que Portugal deveria parar para pensar. As coisas estão
mal e não o podemos negar. Se assim é, porque é que não se constrói um país de
novo em vez de se tentar remediar o que está mal?
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
Sem comentários:
Enviar um comentário