segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Portugal em manifestação

Face à situação económica e social que se encontra, atualmente, instalada na União Europeia, são vários os países que têm mostrado a sua indignação e descontentamento.
Em Portugal, são cada vez mais os manifestantes que saem à rua. O povo está revoltado com as medidas propostas pelo governo e com a situação do país. Os protestos são crescentes, têm lugar em várias cidades e ainda percorrem as redes sociais. As críticas aos caminhos propostos são gerais, no entanto, não são conhecidas sugestões. Todos dizem “não” aos caminhos via receita do Estado, contudo, não se vê o “sim” aos cortes na despesa.
A recente medida da Taxa Social Única gerou muita polémica. A proposta consistia, como é de conhecimento geral, no aumento das contribuições para os trabalhadores de 11% para 18% e na diminuição para as empresas de 23,75% para 18%, assemelhando-se assim a muitos outros países e proporcionando, então, segundo o governo português, maiores níveis de emprego e competitividade das empresas nacionais. Contudo, esta subida de 7 pontos percentuais nas contribuições dos trabalhadores foi considerada inviável. Ainda assim, a redução da TSU para as empresas podia ser positivo, na medida em que podia vir a representar um incremento nas nossas exportações, na nossa competitividade. Certo é que, apenas este movimento pelo lado das empresas, é impossível, uma vez que tornará maior o “buraco” da Segurança Social. Ou seja, é necessário colmatá-lo com alguma contrapartida. E soluções? Nem vê-las…
O governo já decidiu deixar de fora do Orçamento do Estado, para 2013, a TSU, contudo, não ficou completamente de parte, para uma situação futura. Agora, e mais uma vez, as alternativas passam pelo aumento da receita, mais concretamente, por uma rubrica com a qual os portugueses já se encontram muito familiarizados: os impostos, nomeadamente o IRS. O Ministro das Finanças deixou bem claro que o agravamento fiscal será bastante grande no próximo ano. À alteração dos escalões e taxas do IRS vai ser acrescida uma sobretaxa.
 Segundo dados do Diário Económico, isto leva “a taxa média do imposto sobre o rendimento a passar de 9,8% para 13,2%”. Portanto, nas receitas previstas para 2013, mais de dois mil milhões de euros são provenientes do aumento do IRS. O governo tenciona ainda aumentar outros impostos, como o IMI e o imposto sobre o tabaco.
A receita pública tem sido o caminho predileto dos nossos políticos, e então a despesa? Os cortes nos gastos do Estado? Aquelas coisas das quais nunca se ouve falar… Existem demasiadas entidades em Portugal a gerir dinheiros públicos e não se veem reduções no sentido de uma gestão mais eficiente, mais poupada.
Claro que as manifestações aumentam, uma série de greves instaura-se por todo o país. Nas notícias que nos chegam, nomeadamente, por via dos media é bem visível o clima de revolta. O Negócios adiantou várias empresas, desde o sector público ao privado, que têm mostrado a sua revolta através das greves que têm convocado: Metro de Lisboa, CP, autocarros (STCP, Rodoviária de Lisboa, entre outros), Galp, Tap…
Para além de um direito do trabalhador, as greves nada mais são do que uma pausa na produção e na prestação de serviços e, uma vez que se têm tornado frequentes, não representam muito de positivo para a atividade económica do país.
Ainda assim, Portugal encontra-se numa situação bastante frágil, na medida em que deixou de ter acesso a crédito há algum tempo atrás. Encontra-se intervencionado pelo Fundo Monetário Internacional e, por isso, necessita de reestabelecer a credibilidade perante os credores. Com o país repleto de manifestações e revolta, a imagem deste fica comprometida.
A falta de confiança da população na classe política pode gerar uma crise política, o que faz com que o país não consiga atingir os seus objetivos, mas antes piorar o panorama.

Maria Costa Reis

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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