O endividamento das famílias é
cada vez mais um problema atual na nossa sociedade. Não sendo um problema atual, uma vez que já
desde muito cedo houve endividamento, este tem vindo drasticamente a aumentar e
a tornar-se num motivo de reflexão, precisando assim de soluções para a sua
resolução.
Este endividamento deve-se ao
facto de as famílias terem de recorrer ao crédito para satisfazer necessidades
presentes, uma vez que não têm capacidade monetária para as conseguir pagar
nesse mesmo momento. Assim, adquirindo crédito, vão poder usufruir de
rendimento no momento em que precisam, e vão pagando esse crédito lentamente no
futuro, com uma taxa de juro correspondente.
Podemos enumerar vários fatores
para este mesmo endividamento. Vivemos numa sociedade em que o consumismo é uma
realidade, e os consumidores, por vezes, compram produtos que não precisam ou
que não seria a melhor altura para os comprar, quer por uma questão
exibicionista ou apenas em razão de uma má gestão do rendimento. Esta sociedade
consumidora "compra coisas que não quer, para agradar a pessoas de quem
não gosta". Outra questão importante quando se fala sobre o endividamento
das famílias é a facilidade de obter crédito e na quantidade exorbitante de
publicidade que induz as famílias a cometer erros, quando muitos destes
anúncios têm enormes problemas e especificações que não estão explícitos à
primeira vista. Por fim, temos um decrescer da taxa de poupança por parte das
famílias, agravando ainda mais o endividamento. Se nos anos 70 as famílias
conseguiam ter taxas de poupança significativas, atualmente esse valor é muito
mais reduzido, devido quer à mudança na mentalidade dos consumidores sobre a
poupança, quer devido ao agravamento da situação económica do País.
O problema do endividamento
ganha contornos mais graves quando certas famílias têm 5 ou 6 créditos, e,
posteriormente, têm de adquirir novos créditos para pagar os juros dos
anteriormente adquiridos, entrando numa "espiral do endividamento".
Por vezes, as famílias não têm a noção e não respeitam um limite confortável
para a poupança e isso coloca-os facilmente nessa mesma situação de
endividamento.
Não podemos também esquecer que
este endividamento pode ocorrer devido a factos exógenos às famílias, como por
exemplo em caso de doença, falecimento, etc., em que ocorrem despesas
superiores às possibilidades das mesmas e ainda com o fator surpresa.
Contudo, o acesso ao crédito
não pode ser visto apenas negativamente uma vez que permite-nos satisfazer as
necessidades presentes, utilizando recursos futuros. Isto, claro, com moderação
e correta gestão dos recursos do agregado familiar. Trata-se assim não da
questão do endividamento em si, mas de como as famílias se estão a endividar, o
porquê, e até que ponto esse é um endividamento sustentado, ou um endividamento
excessivo.
Dos dados estatísticos disponíveis,
podemos tirar várias conclusões. A primeira, e a mais óbvia e mais importante,
é que o endividamento das famílias já ultrapassou o seu rendimento disponível.
Ou seja, se as famílias continuassem com o seu rendimento atual durante um ano,
e sem qualquer tipo de despesas (obviamente impossível. há sempre despesas:
alimentação, vestuário, transportes), isso não chegaria para pagar o
endividamento das mesmas. Acresce que o endividamento teve uma tendência
ascendente, aumentando de cerca de 85% em 2000 para 135 % em 2009, e, sem dúvida,
é no empréstimo da habitação onde há um maior grau de endividamento. Também se
pode concluir que, apesar de não sermos dos países com maior endividamento dos
particulares, estamos ainda assim bastante acima da média da União Europeia.
Apesar de tudo, notamos que
desde 2007 a
2009 o endividamento dos particulares tem estado estagnado, o que significa uma
maior consciencialização das famílias portuguesas e também da grande crise que
a economia atravessa.
Para concluir, o endividamento
das famílias é um acontecimento que pode ser combatido através de uma maior
consciencialização da sociedade sobre a poupança, gestão do orçamento familiar
e do crédito. É notável que este seja um ponto importante quando se fala no
estado dos pais, sendo que tem sido cada vez mais tido em atenção por parte das
entidades governantes e mesmo dos particulares.
Ivo Alexandre Ribeiro Barbosa
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