quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Endividamento das Famílias Portuguesas

O endividamento das famílias é cada vez mais um problema atual na nossa sociedade.    Não sendo um problema atual, uma vez que já desde muito cedo houve endividamento, este tem vindo drasticamente a aumentar e a tornar-se num motivo de reflexão, precisando assim de soluções para a sua resolução.
Este endividamento deve-se ao facto de as famílias terem de recorrer ao crédito para satisfazer necessidades presentes, uma vez que não têm capacidade monetária para as conseguir pagar nesse mesmo momento. Assim, adquirindo crédito, vão poder usufruir de rendimento no momento em que precisam, e vão pagando esse crédito lentamente no futuro, com uma taxa de juro correspondente.
Podemos enumerar vários fatores para este mesmo endividamento. Vivemos numa sociedade em que o consumismo é uma realidade, e os consumidores, por vezes, compram produtos que não precisam ou que não seria a melhor altura para os comprar, quer por uma questão exibicionista ou apenas em razão de uma má gestão do rendimento. Esta sociedade consumidora "compra coisas que não quer, para agradar a pessoas de quem não gosta". Outra questão importante quando se fala sobre o endividamento das famílias é a facilidade de obter crédito e na quantidade exorbitante de publicidade que induz as famílias a cometer erros, quando muitos destes anúncios têm enormes problemas e especificações que não estão explícitos à primeira vista. Por fim, temos um decrescer da taxa de poupança por parte das famílias, agravando ainda mais o endividamento. Se nos anos 70 as famílias conseguiam ter taxas de poupança significativas, atualmente esse valor é muito mais reduzido, devido quer à mudança na mentalidade dos consumidores sobre a poupança, quer devido ao agravamento da situação económica do País.
O problema do endividamento ganha contornos mais graves quando certas famílias têm 5 ou 6 créditos, e, posteriormente, têm de adquirir novos créditos para pagar os juros dos anteriormente adquiridos, entrando numa "espiral do endividamento". Por vezes, as famílias não têm a noção e não respeitam um limite confortável para a poupança e isso coloca-os facilmente nessa mesma situação de endividamento.
Não podemos também esquecer que este endividamento pode ocorrer devido a factos exógenos às famílias, como por exemplo em caso de doença, falecimento, etc., em que ocorrem despesas superiores às possibilidades das mesmas e ainda com o fator surpresa.
Contudo, o acesso ao crédito não pode ser visto apenas negativamente uma vez que permite-nos satisfazer as necessidades presentes, utilizando recursos futuros. Isto, claro, com moderação e correta gestão dos recursos do agregado familiar. Trata-se assim não da questão do endividamento em si, mas de como as famílias se estão a endividar, o porquê, e até que ponto esse é um endividamento sustentado, ou um endividamento excessivo.
 Dos dados estatísticos disponíveis, podemos tirar várias conclusões. A primeira, e a mais óbvia e mais importante, é que o endividamento das famílias já ultrapassou o seu rendimento disponível. Ou seja, se as famílias continuassem com o seu rendimento atual durante um ano, e sem qualquer tipo de despesas (obviamente impossível. há sempre despesas: alimentação, vestuário, transportes), isso não chegaria para pagar o endividamento das mesmas. Acresce que o endividamento teve uma tendência ascendente, aumentando de cerca de 85% em 2000 para 135 % em 2009, e, sem dúvida, é no empréstimo da habitação onde há um maior grau de endividamento. Também se pode concluir que, apesar de não sermos dos países com maior endividamento dos particulares, estamos ainda assim bastante acima da média da União Europeia.
Apesar de tudo, notamos que desde 2007 a 2009 o endividamento dos particulares tem estado estagnado, o que significa uma maior consciencialização das famílias portuguesas e também da grande crise que a economia atravessa.
Para concluir, o endividamento das famílias é um acontecimento que pode ser combatido através de uma maior consciencialização da sociedade sobre a poupança, gestão do orçamento familiar e do crédito. É notável que este seja um ponto importante quando se fala no estado dos pais, sendo que tem sido cada vez mais tido em atenção por parte das entidades governantes e mesmo dos particulares.

Ivo Alexandre Ribeiro Barbosa

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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