As agências de rating surgiram com a necessidade de
manter um devedor informado dos seus empréstimos durante um período de tempo,
já que a população não tem meios suficientes para calcular as assimetrias de
informação do mercado, que poriam em causa os seus investimentos.
As agências avaliam a
capacidade de uma empresa amortizar as suas dívidas no prazo estabelecido. Até
que ponto estas avaliações são consideradas eficientes e viáveis?
A garantia da qualidade dos rating está diretamente relacionada com
a credibilidade das agências. Se as empresas continuassem a aumentar as
expectativas da viabilidade destas avaliações, estas de facto iriam ser
consideradas credíveis por muito mais tempo. Mas afinal como é que as agências
de rating constroem a sua
credibilidade?
A possibilidade de free-riding por parte de outras
entidades em obter facilmente a informação reunida pelas agências conduzia uma
nova emissão de informação e manutenção de investimentos antigos. As
adversidades levaram à avaliação de todos os títulos e por isso a necessidade
de que as agências avaliassem a maioria desses títulos no mercado.
Tal como diz João Rodrigues,
investigador da Universidade de Coimbra, “ As agências de rating detêm um grande poder e são verdadeiros atores políticos.
(…) Constituem uma espécie de arquitetura informacional dos mercados
financeiros. Não é possível concebê-los sem elas.”
A Moody’s, Fitch e Standard
têm uma grande influência numa empresa ou país na medida em que quanto melhor a
avaliação de um ativo maior é a facilidade de acesso ao crédito a custos
menores. Por isso, se as emissões das empresas forem consideradas de baixo
risco, maior é a sua facilidade de investimento.
Antes de “rebentar” a crise
financeira, as agências americanas (Moody’s, Fitch e Standard) estavam rodeadas
de suspeitas quanto à eficácia de estimar a probabilidade de default, às avaliações sub-óptimas
resultantes da forte intervenção do Governo, à suposta exigência de maiores
pagamentos por melhores avaliações às empresas devido à obrigatoriedade da
avaliação dos ativos, etc. Estes métodos de funcionamento são considerados
perversos e podem gerar conflitos de interesse.
O estudo realizado pelo jornal El
País confirma isso mesmo: “Existem conflitos de interesses entre os bancos e as agências de
notação financeira que parecem alterar o processo de classificação. (…) As
agências de rating dão classificações sistematicamente melhores
aos bancos que lhes fornecem grande quantidade de negócio”
As agências de rating protegem-se através de órgãos
reguladores e por isso a sua punição é inexistente. Estas usaram argumentos de
que os novos produtos avaliados eram demasiado complexos e que impossibilitavam
um bom julgamento, mesmo que estes tenham grande probabilidade de default.
As avaliações excessivamente
otimistas levaram a que os investidores acreditassem cada vez mais nos ratings publicados, impossibilitando
assim um comportamento cauteloso. As várias medidas de barreiras à entrada
levaram a sérias perturbações no equilíbrio de mercado e por isso à génese de
grandes problemas e ao afundamento da economia mundial.
As agências de rating contribuíram para o surgimento da
crise financeira, na medida em que desempenharam um papel central na descoberta
de que as empresas estavam livres de incentivos que as conduziam a
comportamentos disfuncionais.
Jéssica
Abreu
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