segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Efeitos das Medidas de Austeridade

Num curto espaço de tempo Portugal assistiu a contínuos aumentos de impostos, ao aparecimento de novos desempregados e o rendimento disponível tem vindo a diminuir. Mas, no meio de tantas mudanças há uma coisa que prevalece e que, aparentemente assim vai ser durante mais algum tempo, a CRISE.
Houve uma clara alteração na tendência das políticas aplicadas tanto a nível europeu como em Portugal, deixámos de estar perante políticas de índole expansionista, que apostavam no emprego e no crescimento através da atribuição de apoios e subsídios, e passámos a ter uma política contraccionista cuja prioridade é agora a correção do défice através das contínuas e inumeras medidas de austeridade que têm vindo a ser aplicadas. Perante a crise, tanto o Estado como as empresas e famílias, foram obrigados a apertar os cordões à bolsa. O Estado foi obrigado a fazer grandes alterações, por exemplo, nas políticas de obras públicas, como se pode verificar no congelamento das linhas do TGV. As famílias e as empresas também tem sentido muito os efeitos das medidas de austeridade através dos impostos sobre os rendimentos do trabalho e sobre os lucros das empresas que têm vindo a aumentar de um modo contínuo desde o início da austeridade. Os juros também têm vindo a aumentar o que dificulta o acesso ao crédito e os preços têm apresentado uma tendência crescente devido aos aumentos no IVA.
E, no entanto, mesmo com estes aumentos todos, os salários têm-se mantido praticamente inalterados pois a função pública teve uma variação nula e muitas empresas têm seguido esse mesmo exemplo, fazendo com que o rendimento real tenha vindo a diminuir. Esta diminuição do rendimento real por sua vez tem um efeito negativo no consumo privado. Os desempregados estão também numa situação crítica uma vez que embora o desemprego tenha vindo a apresentar uma tendência crescente (o governo prevê que em 2013 aumente de 15,5 para 16%) os apoios sociais são cada vez mais restritos o que deixa os desempregados numa situação de dificuldade acrescida pois as suas únicas fontes de rendimento estão-se a esgotar.
Mas será que estas medidas são boas para o país? O Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, veio recentemente afirmar que a austeridade tem um efeito recessivo na economia e que as expectativas dos empresários, uma variável bastante importante na eficiência das políticas aplicadas, não são muito positivas. Lança também uma crítica ao BCE dizendo que este deve adoptar uma postura mais interventiva na compra da dívida soberana e acrescenta que a chanceler alemã Angela Merkel deveria ser mais consistente na defesa da moeda única.

Elias Vilela

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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