Num curto espaço de tempo
Portugal assistiu a contínuos aumentos de impostos, ao aparecimento de novos
desempregados e o rendimento disponível tem vindo a diminuir. Mas, no meio de
tantas mudanças há uma coisa que prevalece e que, aparentemente assim vai ser
durante mais algum tempo, a CRISE.
Houve uma clara alteração na
tendência das políticas aplicadas tanto a nível europeu como em Portugal, deixámos
de estar perante políticas de índole expansionista, que apostavam no emprego e
no crescimento através da atribuição de apoios e subsídios, e passámos a ter
uma política contraccionista cuja prioridade é agora a correção do défice
através das contínuas e inumeras medidas de austeridade que têm vindo a ser
aplicadas. Perante a crise, tanto o Estado como as empresas e famílias, foram
obrigados a apertar os cordões à bolsa. O Estado foi obrigado a fazer grandes
alterações, por exemplo, nas políticas de obras públicas, como se pode
verificar no congelamento das linhas do TGV. As famílias e as empresas também
tem sentido muito os efeitos das medidas de austeridade através dos impostos
sobre os rendimentos do trabalho e sobre os lucros das empresas
que têm vindo a aumentar de um modo contínuo desde o início da austeridade. Os
juros também têm vindo a aumentar o que dificulta o acesso ao crédito e os
preços têm apresentado uma tendência crescente devido aos aumentos no IVA.
E, no entanto, mesmo com estes
aumentos todos, os salários têm-se mantido praticamente inalterados pois a
função pública teve uma variação nula e muitas empresas têm seguido esse mesmo
exemplo, fazendo com que o rendimento real tenha vindo a diminuir. Esta
diminuição do rendimento real por sua vez tem um efeito negativo no consumo
privado. Os desempregados estão também numa situação crítica uma vez que embora
o desemprego tenha vindo a apresentar uma tendência crescente (o governo prevê
que em 2013 aumente de 15,5 para 16%) os apoios sociais são cada vez mais
restritos o que deixa os desempregados numa situação de dificuldade acrescida
pois as suas únicas fontes de rendimento estão-se a esgotar.
Mas será que estas medidas são
boas para o país? O Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, veio
recentemente afirmar que a austeridade tem um efeito recessivo na economia e
que as expectativas dos empresários, uma variável bastante importante na
eficiência das políticas aplicadas, não são muito positivas. Lança também uma
crítica ao BCE dizendo que este deve adoptar uma postura mais interventiva na
compra da dívida soberana e acrescenta que a chanceler alemã Angela Merkel
deveria ser mais consistente na defesa da moeda única.
Elias Vilela
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