segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Cartões de crédito: o problema de muitas famílias

             A crise económica e financeira está a levar muitos portugueses ao descontrolo, ou seja, a procurar uma solução no endividamento. Muitas famílias deparam-se com créditos que contraíram e que agora não têm possibilidade de liquidar, surgindo o problema dos juros (ou seja, o “mal dos males”).
            Uma forma de endividamento é através dos cartões de crédito. Estes oferecem um método de pagamento conveniente e seguro, para além de serem uma forma de obter um empréstimo pessoal de curta duração. A grande vantagem deste tipo de cartões é que, quando acordado com o banco, a pessoa pode estipular uma data para entrega do valor creditado a 100%, evitando, por isso, o pagamento dos juros. No entanto, quando não se consegue liquidar totalmente o valor do crédito pode surgir um grave problema e, quanto menor a prestação, maiores são os juros.
            Uma outra vantagem dos cartões de crédito é que permitem fazer compras em todo o Mundo, uma vez que são o método de pagamento mais aceite, inclusivamente na internet, em sites portugueses e estrangeiros. O problema surge quando este se torna o método de pagamento mais habitual. A tendência é para que as pessoas não se apercebam do dinheiro que estão a gastar, ficando endividadas, sem que houvesse necessidade para tal.
            Um estudo realizado pela MasterCard mostra que se um individuo utilizar apenas notas e moedas, durante um mês, vai ter uma noção mais precisa dos seus hábitos de compra e do valor do dinheiro. No final de um mês, se este comparar os gastos aquando da utilização do cartão de crédito, posteriormente irá reparar que poupou cerca de 15% e, apesar de não ser necessariamente uma pessoa mais feliz, será uma pessoa mais rica.
            Em 2010, o cartão de crédito chegou a 32,4% da população, no entanto, apenas 62,3% dos consumidores admitiram utilizá-lo regularmente, um número que tem vindo a diminuir desde 2008 – altura em que 74,7% afirmava recorrer ao cartão de crédito para efetuar pagamentos. O recurso menos frequente deve-se, em parte, a uma maior racionalidade, tanto por parte dos consumidores como por parte das políticas bancárias. Apesar disto, o número de créditos malparados continua a aumentar de dia para dia, uma vez que as pessoas vêem o seu rendimento diminuir e as despesas a aumentar, não conseguindo pagar a prestação da dívida que contraíram e até, pelo contrário, vêem a divida a aumentar em consequência dos juros. Infelizmente, esta é uma realidade de muitas famílias portuguesas, que hoje em dia davam tudo para voltar atrás nas suas decisões.
            Um outro problema que surge, para além do endividamento, é ter o nome no Banco de Portugal. Este utiliza a Central de Responsabilidades de Crédito (CRC) como instrumento que permite verificar muito simplesmente se uma pessoa já contraiu algum crédito, e se tem a capacidade de pagar um novo crédito. Assim sendo, uma pessoa com um histórico no Banco Central pode não voltar a conseguir financiar-se um dia em que não tenha outra solução, uma vez que fica proibido de utilizar os cartões de crédito.
            Concluindo, o essencial quando uma pessoa começa a sentir dificuldades financeiras, é não deixar que a situação piore, ou seja, nunca fazer um crédito para pagar uma dívida pré-existente. Assim sendo, numa situação de aperto, o que se deve fazer é consolidar os empréstimos e tentar renegociar os prazos de reembolso. Não existem milagres para a falta de dinheiro e um crédito para acabar com outro crédito está muito longe de ser a solução correta!

Flávia Sofia Almeida da Silva

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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