domingo, 14 de outubro de 2012

Para onde caminha a Europa?

Como todos nós sabemos, a Europa  encontra-se numa crise económica e financeira sem precedentes na sua história. A principal razão desta crise reside no facto da Europa ter perdido competitividade no mercado global pela entrada de novas forças emergentes, como a China e o Japão, pelo que deixou de ser auto-suficiente em termos económicos. A Europa, a pouco e pouco deixou de produzir riqueza suficiente para suportar e manter o estado-social que ela própria criou. Por outro lado, a criação da moeda única veio destabilizar as economias dos países mais fracos, o que provocou ainda maiores desequilíbrios, que depois se repercutiram em dificuldades económicas de alguns países, como por exemplo a Grécia, Irlanda e Portugal. 
Actualmente, a Europa está dividida entre 2 blocos: os países que estão sob resgate financeiro e os países com maior poder financeiro, com por exemplo França e Alemanha. Neste contexto, verifica-se a dependência dos países resgatados em relação  aos países credores, que os “ajudam”, fazendo empréstimos com condições fortíssimas, nomeadamente prazos curtos e taxas extremamente altas, sendo quase impossível para esses países recuperarem a sua autonomia financeira sem denegrirem o seu estado social.
Tem-se assistido todos os dias, nas mais variadas fontes de informação, ao descontentamento generalizado dos povos dos países resgatados, através de diversas manifestações, greves, etc., o que evidencia a necessidade de se repensar a estratégia de apoio económico a estes países. O que é facto é que estas “ajudas” em nada tem ajudado os países em dificuldade a impulsionar a sua economia, mas antes deterioram as condições sociais já existentes, porque para pagar essa ajuda, como os países não produzem riqueza, a única maneira que os governos têm de aumentar as receitas é esmagarem os salários, pensões, etc, e cortar na despesa publica, o que só piora a situação social e económica. Estes países são caracterizados por elevadas taxas de desemprego, salários relativamente baixos e preços de mercado altos. Ora, nestas condições, é uma questão de tempo até esse país rebentar ou resultar numa revolução civil, porque as pessoas, as famílias, as empresas, já não aguentam tanta austeridade.
Por esta crescente degradação das condições de vida nestes países resgatados, é fundamental que a Europa repense estes modelos de resgate, que não estão a dar resultado. Diz-se que a união faz a força e, de facto, a força da Europa não está em nenhum país ou economia em concreto mas no conjunto dos estados-membros e das suas economias, que constituem a Europa, e pelos vistos os lideres europeus esqueceram-se disso.  
Na minha opinião, a questão central prende-se com o facto deste tipo de ajudas não estarem a ajudar os países, pelo contrário, só os afundam mais. A ajuda que estes países realmente necessitam é que os ajudem a impulsionar as suas economias, desenvolver indústrias, fazer com que os países sejam atractivos externamente, que tenham capacidade de atrair o investimento externo para começarem a produzir e a criar riqueza. Se não, vão estar sempre nestas condições e dependentes financeiramente de outros países, e nenhum país aguenta isso.
Para concluir, penso que a Europa, se quiser preservar a sua identidade, os seus valores, os seus princípios e os seus estados-membros, terá de se adaptar a esta nova realidade e terá de mudar de regras para poder, de facto, ajudar convenientemente os seus estados-membros. Porque se a Europa continua assim, sem conseguir auxiliar os estados em dificuldade, muito provavelmente não os conseguirá manter dentro da zona euro e da própria U.E., porque nenhum país consegue estar sujeito a tanta austeridade, com tanta pressão externamente. E se assim for, se por acaso, a Europa não consegue impedir a saída de um qualquer estado-membro, por não conseguir suportar mais a pressão interna e externa, penso que tal seja o princípio do fim da U.E., porque se a U.E. não conseguir ajudar um país, também não conseguirá ajudar os outros, e outros seguirão pelo mesmo caminho da saída da U.E. e isso será catastrófico. A única alternativa passa por uma maior compreensão do problema, maior cooperação entre os estados-membros e maior união e coesão entre eles. 

Nuno Maria Canelhas

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

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