O
Consumismo em Portugal tem-se vindo a verificar como uma atitude de consumir
produtos ou serviços de forma pouco ponderada, devido à influência exercida pela
publicidade nos indivíduos, isto é, o consumo pelo consumo domina o quotidiano
da maior parte das famílias portuguesas que adquirem, em períodos de crise,
bens de que não necessitam só porque outros os têm.
Contudo,
os portugueses estão a consumir menos e não apenas porque vêem o seu rendimento
a diminuir. De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), nos
primeiros seis meses do ano, o consumo das famílias diminui 3,4% e o rendimento
bruto disponível diminui 1,4%, em comparação com igual período de 2011. Então,
com estes dados, verificamos que a queda do consumo português foi duas vezes
superior à queda do rendimento. Assim, parte deste rendimento não gasto serviu
para aumentar a poupança das famílias, que aumentou 1,8%, em comparação com o
mesmo período do ano passado. E, no caso português, a
poupança não é uma prática recorrente para a maioria dos indivíduos e assim
poderíamos dizer que estes acontecimentos seriam bons indicadores para o
Governo, uma vez que um dos principais objectivos do programa de ajustamento
português era reduzir o consumo e o endividamento das famílias.
No
entanto, esta redução drástica no consumo deitou abaixo as previsões oficiais e
surpreendeu o governo, já que este dizia “que os portugueses têm vivido acima
das suas possibilidades”, acabando por prejudicar claramente a receita fiscal.
O primeiro ministro Pedro Passos Coelho admitiu em entrevista a RTP que “ A
poupança cresceu ao longo deste ano a uma dimensão que não esperávamos” e ainda
referiu que “o que se passou é que muita gente, por receio ou por precaução,
tinha dinheiro para gastar e não gastou. As pessoas podiam ter comprado
automóveis! Tem um efeito positivo. Saiu menos dinheiro do país. Mas as
receitas fiscais baixaram”. O ajustamento do consumo das famílias tem sido um
dos principais factores por trás do aperto do mercado internacional interno. O
consumo privado, em Portugal, vale, aproximadamente, 67% da criação de riqueza
e, no acumulado de 2011 e 2012, caiu quase 10%.
A
quebra no consumo foi generalizada, porém aplicou-se essencialmente aos bens
duradouros (exemplo: compra de casa, automóveis), com uma descida homóloga de
22,3% no segundo trimestre do ano, enquanto que o consumo de bens
não-duradouros diminui 5,2% (fonte dos dados: INE).
Em
suma, sendo Portugal um país onde há muitos consumidores inconscientes, com esta
crise o Governo tinha de resolver o problema de alguma forma. Contudo, o
consumo não devia ter caído tão drasticamente como aconteceu pois, como referiu
Adam Smith, “O consumo é a única finalidade e o único propósito de toda
produção”, ou seja, para a economia se desenvolver e crescer é preciso produzir
mas, para produzir, é preciso consumir.
Cristiana Manuela da Silva Coelho
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