A
preocupação ambiental tem sido um tema que, ao longo dos últimos anos, tem
ganho cada vez mais importância na agenda política europeia. De facto, a necessidade
de combater o fenómeno do aquecimento global aliado à cada vez maior escassez
de recursos, nomeadamente do petróleo, tem levado à tomada de medidas políticas
que apoiem, sobretudo, o conceito de desenvolvimento sustentável.
Neste
contexto, a utilização das energias renováveis revela-se como o futuro do
sector da energia, colmatando o problema energético que a Europa enfrenta
actualmente. Assim sendo, a União Europeia criou a “Estratégia energia 2020” que enquadra as
políticas energéticas a nível europeu, proporcionando um enquadramento
ambicioso e sólido no sector da energia e impondo metas e limites a atingir em
2020, tais como a redução das emissões de gases de efeito de estufa, reforço da
segurança e competividade do sector energético e impedimento do aumento dos
custos das energias renováveis.
E
Portugal, apesar da conjuntura económica actual, tem-se mostrado ambicioso
quanto ao cumprimento das directrizes dadas pela União Europeia neste sector
pois, apesar da União Europeia se ter comprometido a fixar o peso das energias
renováveis em 20% do total da energia consumida em 2020, Portugal ambiciona
chegar aos 31% do peso das renováveis em 2020, sendo que, em 2005 já
apresentava 20,5%. Portugal situa-se assim como o 5º objectivo mais ambicioso,
só ultrapassado pela Suécia, Letónia, Finlândia e Áustria. Agora a pergunta que
urge é se o investimento que está a ser feito no sector da energia será
vantajoso tendo em conta os benefícios no médio/longo prazo e a necessidade, no
curto prazo, da redução da despesa do Estado.
Em
primeiro lugar, é inequívoco referir que as potencialidades que Portugal possui
no sector das energias renováveis são notórias e que apostar nessas energias
seria benéfico não só numa óptica de reduzir a dependência energética externa mas
também do ponto de vista ambiental, no sentido de não aumentar demasiado, ou
inclusivamente de reduzir, o consumo de energias que acarretam emissões de
gases com efeito de estufa, cumprindo assim as directrizes comunitárias, tal
como referido anteriormente. Relativamente às potencialidades e aos benefícios
das energias renováveis, o consenso é claro, porém, a cerne da questão situa-se
relativamente ao custo/benefício. Investir neste tipo de energias acarretará
custos elevados, nomeadamente em incentivos aos consumidores/produtores, por
isso o investimento tem de ser ponderado, o que não parece ser o caso, visto
que na altura que Portugal redefiniu os objectivos energéticos uma das fortes
críticas apresentadas foi de que, primeiramente, deveria estar a redução de
consumo e a eficiência energética. Assim sendo, um investimento nas energias
renováveis não acompanhado de uma redução do consumo e eficiência energética
reduzirá a relação custos/benefícios, o que não poderá ser o modelo a seguir.
Evidente
é que Portugal possui qualidades geográficas que potenciam o aproveitamento das
energias renováveis e um investimento ponderado e bem reflectido será sempre
vantajoso no longo prazo, porém há que estabelecer prioridades e metas
coincidentes com a capacidade financeira actual do país. Investir a quantidade
certa nos momentos certos terá que ser o caminho a seguir, pois “dar passos
maior que as pernas” já Portugal o fez noutras ocasiões e
há que não cometer os mesmos erros do passado para que momentos de
instabilidade politica, económica e social não se repitam…
Daniel Correia
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