segunda-feira, 15 de outubro de 2012

As energias renováveis

A preocupação ambiental tem sido um tema que, ao longo dos últimos anos, tem ganho cada vez mais importância na agenda política europeia. De facto, a necessidade de combater o fenómeno do aquecimento global aliado à cada vez maior escassez de recursos, nomeadamente do petróleo, tem levado à tomada de medidas políticas que apoiem, sobretudo, o conceito de desenvolvimento sustentável.
Neste contexto, a utilização das energias renováveis revela-se como o futuro do sector da energia, colmatando o problema energético que a Europa enfrenta actualmente. Assim sendo, a União Europeia criou a “Estratégia energia 2020” que enquadra as políticas energéticas a nível europeu, proporcionando um enquadramento ambicioso e sólido no sector da energia e impondo metas e limites a atingir em 2020, tais como a redução das emissões de gases de efeito de estufa, reforço da segurança e competividade do sector energético e impedimento do aumento dos custos das energias renováveis.
E Portugal, apesar da conjuntura económica actual, tem-se mostrado ambicioso quanto ao cumprimento das directrizes dadas pela União Europeia neste sector pois, apesar da União Europeia se ter comprometido a fixar o peso das energias renováveis em 20% do total da energia consumida em 2020, Portugal ambiciona chegar aos 31% do peso das renováveis em 2020, sendo que, em 2005 já apresentava 20,5%. Portugal situa-se assim como o 5º objectivo mais ambicioso, só ultrapassado pela Suécia, Letónia, Finlândia e Áustria. Agora a pergunta que urge é se o investimento que está a ser feito no sector da energia será vantajoso tendo em conta os benefícios no médio/longo prazo e a necessidade, no curto prazo, da redução da despesa do Estado.
Em primeiro lugar, é inequívoco referir que as potencialidades que Portugal possui no sector das energias renováveis são notórias e que apostar nessas energias seria benéfico não só numa óptica de reduzir a dependência energética externa mas também do ponto de vista ambiental, no sentido de não aumentar demasiado, ou inclusivamente de reduzir, o consumo de energias que acarretam emissões de gases com efeito de estufa, cumprindo assim as directrizes comunitárias, tal como referido anteriormente. Relativamente às potencialidades e aos benefícios das energias renováveis, o consenso é claro, porém, a cerne da questão situa-se relativamente ao custo/benefício. Investir neste tipo de energias acarretará custos elevados, nomeadamente em incentivos aos consumidores/produtores, por isso o investimento tem de ser ponderado, o que não parece ser o caso, visto que na altura que Portugal redefiniu os objectivos energéticos uma das fortes críticas apresentadas foi de que, primeiramente, deveria estar a redução de consumo e a eficiência energética. Assim sendo, um investimento nas energias renováveis não acompanhado de uma redução do consumo e eficiência energética reduzirá a relação custos/benefícios, o que não poderá ser o modelo a seguir.
Evidente é que Portugal possui qualidades geográficas que potenciam o aproveitamento das energias renováveis e um investimento ponderado e bem reflectido será sempre vantajoso no longo prazo, porém há que estabelecer prioridades e metas coincidentes com a capacidade financeira actual do país. Investir a quantidade certa nos momentos certos terá que ser o caminho a seguir, pois “dar passos maior que as pernas” já Portugal o fez noutras ocasiões e há que não cometer os mesmos erros do passado para que momentos de instabilidade politica, económica e social não se repitam…

Daniel Correia

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

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