Com o inicio da actual crise da divida publica Portuguesa,
muitos defenderam a nossa saída do Euro e o regresso ao Escudo, mas com essa
atitude resolveríamos o nosso problema actual?
A ideia por detrás da saída do Euro era termos a autonomia
monetária e assim a liberdade para desvalorizar a nossa moeda, para assim
reduzir as nossas importações, devido ao aumento dos preços dos bens
importados, estimular o mercado interno, porque acabaria por compensar mais
produzir internamente do que importar, e por fim estimular as exportações,
porque os nossos produtos acabariam por ficar mais baratos no estrangeiro.
Assim acabaríamos por conseguir aumentar o nosso PIB sem muito esforço, e
consequentemente aumentar as receitas do estado o que ajudaria a pagar a nossa
dívida pública.
Mas esta ideia tem muitos problemas. Primeiro a nossa dívida
pública, principal razão para sair do euro, acabaria por aumentar (em % do
PIB), porque está em Euros, e poderia levar à falência empresas com grandes dívidas
em euros. Segundo
o Professor Luís Campos e Cunha (professor catedrático da Faculdade de Economia
da Universidade Nova de Lisboa), esta saída do Euro levaria entre 6 meses a 1
ano a ser efectuada, e entretanto haveria uma corrida aos bancos para fazer
levantamentos ou transferir as suas poupanças para outras moedas, porque
ninguém iria querer mudar as suas poupanças de euro para uma moeda que poderia
tornar-se instável, o que significaria o colapso do sistema financeiro
Português, e poderia levar a uma queda do PIB em 40%. Muitos poderiam defender
que se poderia restringir os levantamentos e as transferências de capitais para
o estrangeiro, mas essas medidas iriam contra as normas comunitárias, e para
serem postas em
pratica Portugal teria de sair da UE. Outro problema seria para
as empresas exportadoras que viveriam na incerteza, porque mudanças nas taxas
de câmbio poderiam significar tanto ganhos como perdas para as mesmas. E ainda
no futuro iríamos estar com altas taxas de inflação.
Com todos estes argumentos fica claro que o ideal é
permanecer no Euro, mesmo que tal signifique o pedido de ajuda internacional,
pois assim temos de fazer reformas na nossa economia que de outra forma não
seriam feitas e evitamos males irremediáveis para a nossa economia.
Mas e se não conseguirmos cumprir os nossos compromissos para
com a Troika, podemos ser expulsos do Euro?
Esta é uma dúvida que poderia aparecer na cabeça de qualquer
um, principalmente depois de aparecerem noticias em que a Alemanha sugere a
saída da Grécia do Euro, e a resposta a esta pergunta é não! Isto porque não
foi criado nenhum mecanismo legal para expulsar os estados membros da moeda
única, e mesmo que permaneçamos no Euro numa situação semelhante a da Grécia,
como somos um pais pequeno, tal não representaria grande perigo. Podemos ver
exemplos destes na história recente: nos anos 70, a cidade de Nova Iorque
cessou os pagamentos da dívida, e não pôs em risco o Dólar, apesar da mesma ser
mais importante para o Dólar do que Portugal para o Euro.
Podemos assim ficar descansados porque se os nossos
governantes tomarem boas decisões mesmo sem sair do Euro iremos sair com
certeza desta crise, e que mesmo que corra mal ninguém nos pode obrigar a sair
e assim podemos aproveitar de todas as vantagens de ter como moeda oficial uma
das mais fortes do mundo.
João Miguel Costa Carneiro
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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