Perante a crise económica que Portugal enfrenta,
a pobreza é considerada um assunto da atualidade que merece a devida
relevância.
Já em 2007 Portugal registava elevados níveis de
pobreza no contexto dos países da União Europeia. No contexto desta realidade,
estão mais vulneráveis as crianças, os jovens, os idosos que vivem sozinhos, as
mulheres, as pessoas com deficiências, os imigrantes, entre outros. Para termos
uma ideia desta situação, em 2007, 4,7% das crianças portuguesas viviam em
agregados familiares desempregados. Como se não bastasse, no nosso país, as
mulheres continuam a ser discriminadas no mercado de trabalho e acabam por ter
acesso a salários mais baixos, desempenhando exatamente as mesmas tarefas do
que os homens. Os imigrantes têm acesso limitado ao mercado de trabalho, à
habitação, à saúde, entre outros setores da economia. Para além disso, estão
sujeitos a trabalhos precários, com níveis salariais de miséria.
Atualmente, a classe média portuguesa conhece o
“amargo” da pobreza. Há famílias que passam fome, embora nem todas tenham a
coragem suficiente para o assumir, e o índice de suicídios é preocupante. Estes
são fruto do desemprego e dos níveis crescentes de endividamento.
No final do mês de Janeiro de 2012, estavam
inscritos nos Centros de Emprego do Continente e das Regiões Autónomas 637 662
desempregados. Apesar disto, este número não consegue demonstrar a imagem
completa do drama atual em que vivem muitas famílias. Estes casos continuam a
aumentar e são cada vez mais graves. Exemplos disso são situações de ruína
financeira de famílias que, até agora, viviam normalmente o seu dia-a-dia e que
deixaram de conseguir fazer face a empréstimos contraídos. Muitas delas já
perderam as suas casas. Por outro lado, temos ainda situações de empresários,
em nome individual, que mantiveram determinado negócio durante anos, negócio
esse que a crise acabou por tornar inviável.
Todas estas pessoas têm vindo a acumular dívidas
às Finanças na esperança de conseguirem salvar o seu “ganha-pão”. No entanto,
acabam por ficar submersos em dívidas e não têm qualquer tipo de ajuda, nem por
parte do Estado, nem por parte da Segurança Social.
É também cada vez maior o número de famílias que
se vêm obrigadas a retirar os filhos das universidades estando, alguns deles,
já no final das licenciaturas mas, a situação de desemprego dos pais assim o
obriga.
De facto, a situação é alarmante. O fosso entre
pobres e ricos, em Portugal, é o maior no conjunto dos países da União Europeia
e, já se sabe: quanto maior for o índice de desigualdade de um país, menor é o
seu índice de desenvolvimento.
Concluindo: as associações de solidariedade
social passarão a tentar apagar fogos que prometem alastrar-se cada vez mais
durante os próximos tempos.
Susana Cristina Moreira
de Sousa
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